segunda-feira, 10 de maio de 2010

Primeira Postagem

Hoje eu quero te conduzir a um retorno na história. Uma propriedade no Sul do Rio Grande do Sul, que conta, além de outras coisas, com figueiras centenárias, um casarão do século XIX e muito campo ! Quero te convidar a trilhar este campo, entrar na mata, sentir o cheiro do verde, ouvir o canto dos pássaros, e descobrir momentos de intesidade junto a natureza. De antemão te aviso que a experiência é fantástica, e que nossa vida se renova, se transforma, se embeleza, e se equaliza ao percorrermos este caminho verde. Te convido a ultrapassar a primeira porteira, como que um elo para um novas descobertas. Um momento de retorno ao passado, e de vislumbre do que desejamos para o futuro. Olhem a casa do João de Barro, a lagoa natural... O campo aberto e plano, bueno para correr a cavalo, desbravando distâncias e sentindo no rosto a força do vento. Reparem no horizonte, na imensidão da sua imagem... Que vai longe, vai distante, retratando as belezas da criação. Reparem nas nuvens, no céu, e nos limites deste campo, que se unem, se entrelaçam, como bons amigos, um a embelezar o outro. A mata nativa, as árvores de frutos, o pasto á beira do caminho. O chão pisoteado, sinais de carros, de pessoas e de animais que por ali passaram, as memórias dos viajantes. As figueiras centenárias, que mesmo tão grandes e altas, sabem se curvar e fazer com que seus galhos se prostem, e humildes toquem o chão de onde vieram. Por que se alguém quer subir, que lembre sempre de onde veio, e saiba voltar a sua origem para não se perder de si mesmo. Figueiras que emprestam suas sombras para o chimarrão no fim da tarde, para o ensino das tradições gaúchas, para o ensino de tantos assuntos, para os causos, para as poesias, para os saraus. Para amarrar os cavalos, para pendurar um balanço, para fazer a "casa" da árvore. Ah se as figueiras falassem, e em sons pudessem contar o que nelas se passou. De quando nasceram, a quem abrigaram. Se pudessem contar dos risos, dos choros, dos cantos, das palavras proferidas, das tradições perpetuadas. Com uma voz inaudível aos céticos, as figueiras nos convidam a nos achegarmos mais perto, e sob elas buscarmos um momento de descanso. Pare um pouco, respire, sinta o ar puro, e a boa energia que emana da natureza. Olhe para suas raízes, que mesmo tortas e entrelaçadas, continuam sendo sua base. Os seus galhos dão seu fruto ao tempo certo, no renovar da primavera. Observe o casarão, sua estrutura, seus firmes fundamentos, e imagine... As crianças que em volta desta casa correram, que ali brincaram, se desenvolveram. Os casamentos, as festas, os amigos reunidos. As perdas, as separações, a dor. Tudo isto sendo mesclado, unido ao longo das décadas, dos séculos, formando uma peculiar, e interessante história daquilo que ainda sobrevive as intempéries do tempo, que não se atemoriza com a geada no pampa, e muito menos com os invernos e estiagens da vida. O amor, que brota deste chão como os novos ramos das figueiras, ele que é semelhante ao campo, que como um grande tapete cobre de verde esta terra. O amor perdura, tudo sofre, tudo suporta, tudo espera. Se fortalece com o passar dos anos, rebenta as cadeias que prendiam os escravos, desfaz os laços de traições, quebra as maldições, traz paz sobre os inimigos, e tranquilidade sobre aos aflitos. É esse amor que nos move a lutar por sonhos maiores, que nos traz coragem, o espírito destemido e um coração valente. Que a mesma chama que ardia no coração dos nossos guerreiros em busca de justiça, igualdade, e fraternidade, esteja presente em nós ainda hoje, buscando os mesmos ideais, e olhando para este passado de glórias e grandezas como quem deseja maiores proezas. Não precisamos pegar novamente das armas, sair para os duelos, para os grandes confrontos, precisamos estender nossos braços, fortalecer nossas mãos, e defender daquilo que nos rouba a identidade, daquilo que nos muda a história, daquilo que nos faz esquecer de quem somos e de onde viemos. Que a força dos Mendonça, a garra Dos Santos, a determinação Amaral, sejam estandarte em memorial a preservação de nossas terras, de nossa cultura, de nosso povo, de nossa riqueza gaúcha.